01/08/2014

- Muito além da Mata Atlântica



Tudo piorou com a cana de açúcar. A Mata Atlântica foi o primeiro bioma que sofreu o impacto da colonização portuguesa. A exploração predatória, a ocupação desordenada, o assoreamento dos rios... Tudo isso contribuiu para que hoje reste apenas 7% da mata original. Está no jornal, dia sim e dia não, o problema se agrava quando se constata que não é só as árvores que correm sério risco. É também aqueles que as destroem.

Além da Mata Atlântica, o mico leão da cara preta, o macaco prego do peito amarelo, o pinguim africano, a baleia azul, leão persa e o homem, estão em extinção. Sim. Apesar de sermos muito mais de sete bilhões, são raros aqueles que ainda carregam em si, os ideais humanitários. Uma extinção gradual que se dá pelo próprio habitat, onde ser predador da própria espécie virou pré- requisito para sobreviver.

A cada dia somos bombardeados – alguns literalmente, infelizmente – por notícias de homicídio, estupro, sequestros entre tantos outros, que só deixam mais a vista que o lado mais humano hoje respira por aparelhos, sustentado por aqueles que lutam contra a maré e acreditam em uma reviravolta entre o terceiro e o quarto ato.

Biólogos e ecologistas, se atentem para a biodiversidade sim, ela precisa de todo o cuidado, esse é um convite que a população deveria receber pelo correio ou meio que mais lhe convir. Porém, atentem-se também para o reflexo no espelho e para os que se espelham em vocês. A atenção de todos na conservação de algo que nunca deveria ter saído de si mesmo proporcionaria a própria vida uma ajuda crucial pela sobrevivência da espécie.

Proponho que as próximas cédulas, ao invés de sofrerem remodelagem no tamanho, tenham pessoas educadas no verso, que respeitem o próximo, porque até os mais otimistas já sabem que pedir que se tenha amor, extrapola o senso de boa vontade, e que junto pela luta da preservação da fauna e da flora, as pessoas deem seta ao trocar de faixa, que deem flores aos vivos, sangue, boas lembranças. E que Deus seja louvado. Amém.

Texto originalmente publicado no Sem Calendários e inspirado em uma (das muitas) crônicas de Fernando Sabino

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